Substância já é reconhecida por especialistas no tratamento de distúrbios mentais
Para quem ainda não conhece, a psilocibina é uma substância encontrada nos cogumelos mágicos Psilocybe cubensis e que se apresenta cada vez mais promissora no campo da medicina, psiquiatria e áreas relacionadas à saúde. Segundo um estudo do último ano do Centro de Pesquisa Psicodélica do Imperial College de Londres, as últimas descobertas são extremamente empolgantes e muito importantes para a área.
Um indivíduo com depressão apresenta um cérebro preso a uma maneira negativa de pensar, segundo David Nutt, professor e chefe desse estudo. Dessa forma, a psilocibina teve o potencial de “liberar” os cérebros das pessoas envolvidas na pesquisa, tornando-os mais fluidos e flexíveis por até um período de três semanas após a ingestão da substância. Além disso, uma melhora no humor foi identificada nessas pessoas meses depois.
A ciência psicodélica retomou sua força nos últimos anos
Enquanto os estudos avançam, diversos países reavaliam suas políticas em relação aos psicodélicos. Em 2020, por exemplo, os Estados Unidos aprovaram duas legislações históricas no país, que descriminalizam o uso de certas drogas, incluindo a psilocibina. Essa aprovação serviu para evidenciar o que é chamado por estudiosos de “Renascença Psicodélica” já que, nos últimos 20 anos, aumentaram gradativamente as pesquisas sobre o uso dessas substâncias para o tratamento de distúrbios mentais, como depressão, ansiedade e, também, transtorno de estresse pós-traumático.
Essa ciência psicodélica não é de agora! Há registros das primeiras pesquisas envolvendo a psicodelia em meados do século XX, tendo quase sido extinta em torno da década de 1980, reflorescendo no final do século passado.
Essa oferta de diferentes caminhos de pensamento sobre o uso seguro dos psicodélicos ganhou novas representações visuais também. Além do aumento da conectividade, os psicodélicos – com destaque para a psilocibina – conseguem promover a neuroplasticidade, que é a capacidade do cérebro de se modificar segundo as necessidades adaptativas. Além da formação de novos neurônios.
Psilocibina e a saúde pública
Por aqui, o Brasil também participa da chamada Renascença Psicodélica. Recentemente, o Laboratório de Avaliação e Desenvolvimento de Biomateriais do Nordeste, da Universidade Federal de Campina Grande, recebeu autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para testar a psilocibina. Isso responde a um enorme avanço nacional. Essa mudança na perspectiva dos estudos envolvendo o cérebro humano e a saúde da população, serve para impulsionar cada vez mais este campo de pesquisa, abrindo caminho para uma potencial integração terapêutica no sistema de saúde.
Em um futuro não tão distante, inclusive, esses produtos derivados dos cogumelos psicodélicos poderão ser indicados para condições mais graves ou de impacto na saúde pública. Ainda é cedo para falarmos sobre a psilocibina num modelo como o Sistema Único de Saúde. No entanto, clínicas particulares e profissionais estudiosos dos cogumelos psicodélicos já possibilitam esse acesso às terapias alternativas. A lista dos benefícios até agora comprovados sobre a psilocibina é extensa, incluindo também a redução dos efeitos adversos. Quanto mais avançarem os resultados dos estudos, mais benefícios serão visualizados para a saúde pública, bem-estar e qualidade de vida. Por isso é crucial o diálogo aberto e informado sobre seus benefícios.